top of page

Comunicação de Risco

O que é o glifosato?

Herbicida muito usado para eliminar plantas indesejadas quer na agricultura quer a nível doméstico. Existem vários tipos de formulações com diferentes tipos de sais de glifosato e com adjuvantes e surfactantes diferentes, tendo, por isso, distintos tipos de aplicações, inclusive para o controlo de plantas aquáticas (WHO 1994; HSDB 2015).

Como funciona?

Herbicida sistémico, pós emergente e não seletivo, pelo que elimina a maior parte das plantas. Previne a formação de certas proteínas importantes para o crescimento da planta, inibindo a via do chiquimato que apenas é encontrada em plantas e alguns microrganismos (WHO 1994;  HSDB 2015).

Como posso ficar exposto ao glifosato?

A principal forma de intoxicação é através da exposição próxima à pulverização aérea ou terrestre do glifosato, sendo que nessa situação pode ficar exposto pela pele, por inalação ou ingestão de aerossóis, assim como uma exposição ocular. No entanto, têm sido encontradas quantidades vestigiais de glifosato na água e alimentos contaminados, porém não se sabe exatamente o impacto dessa exposição na saúde a curto e longo prazo (WHO 1994;  HSDB 2015).

Que pessoas estão mais em risco?

Apesar de o Glifosato poder causar uma intoxicação aguda em qualquer pessoa há grupos sociais e laborais mais susceptíveis que outros. Nomeadamente, os agricultores, manipuladores de pesticidas e habitantes de zonas rurais e agrícolas encontram-se mais vulneráveis, além da ingestão, da inalação ou do contato com a pele acidental, têm um acesso mais facilitado a este tipo de produtos no sentido de provocarem uma intoxicação intencional. Porém, relativamente à exposição prolongada ao Glifosato, ainda faltam estudos que comprovem o seu risco e a sua maior ou menor prevalência em determinados alimentos, de forma a caracterizar uma população mais vulnerável mediante os seus hábitos alimentares. 

Quais os principais sintomas de uma intoxicação por glifosato?

A maior parte destes sintomas e sinais não são específicos de uma intoxicação aguda por glifosato, mas devem ser tidos em conta no caso de uma ingestão oral acidental ou intencional ou outro tipo de exposição de qualquer uma das formulações de herbicidas que contenham glifosato na sua composição (WHO 1994;  HSDB 2015) (ver tabela 1) .

Tabela 6: Sintomas e sinais associados a uma toxicidade moderada a severa após exposição oral, dérmica e ocular. 

Como agir em casa?

Antes de chegar ao hospital, pode tomar espaçadamente pequenas quantidades de água de forma a diluir o glifosato após a sua ingestão. No caso de uma exposição ocular ou dérmica deve lavar-se abundantemente com água os olhos e a pele exposta, não esquecendo de remover a roupa contaminada se for o caso.

As ações domésticas para travar o agravamento dos efeitos nocivos de uma intoxicação por glifosato são importantes, no entanto, apenas devem ser tomadas estas medidas no sentido de abrandar e nunca como tratamento porque é sempre aconselhada a ida ao hospital neste tipo de situações. A indução de émese não está recomendada e o uso de carvão activado também deve ser evitado (WHO 1994;  HSDB 2015).

O glifosato provoca cancro? e outras doenças a longo prazo?

Alguns estudos tem avaliado a correlação entre o cancro e o glifosato, no entanto ainda ha falta de estudos em humanos e de evidencia cientifica que possam afirmar o seu caráter carcinogênico. Porém recentemente, o glifosato em conjunto com outros pesticidas foi classificado na Categoria 2A de carcinogênicos pelo IARC que engloba as substancias provavelmente carcinogênicas para o homem.

Outro tipo de problemas têm sido associados a uma exposição prolongada ao glifosato como, por exemplo: disfunção endócrina, efeitos reprodutores nefastos ou teratogênicos, assim como, neuro e nefrotoxicidade (WHO 1994;  HSDB 2015).

O glifosato pode afetar peixes, anfíbios e/ou pássaros?

O glifosato é pouco tóxico para aves e praticamente não tóxico para peixes, invertebrados aquáticos e abelhas. No entanto, devido à presença de adjuvantes e surfactantes nas formulações de glifosato alguns não devem ser usados para o controle de plantas aquáticas com o perigo de serem tóxicos para os peixes (EPA 1993).

Contudo, alguns estudos reportam alterações hematopoiéticas, entre outras, nos peixes após administração de diferentes formulações apesar de não serem claros e específicos os efeitos do glifosato por si só mas sim no contexto da sua formulação (Modesto 2010).

Outro estudo relata o possível, mas não comprovado, efeito sinérgico entre infeções parasitarias em peixes e a exposição ao glifosato, considerando que esta exposição esta relacionada com aumento da produção de cortisol e diminuição da produção de leucócitos, diminuindo a sua capacidade de resposta imunitária tornando o peixe mais vulnerável a infeções e ao desenvolvimento de malformações (Kelly 2010).

 

Consulte ainda...

EPA (1993) Reregistration Eligibility Decision (RED) Glyphosate. http://www.epa.gov/oppsrrd1/reregistration/REDs/factsheets/0178fact.pdf . Acedido a: 10 de Maio de 2015

 

Kelly D, Poulin R, Tompkins D, Townsend C (2010) Synergistic effects of glyphosate formulation and parasite infection on fish malformations and survival. Journal of Applied Ecology, 47: 498-504 

 

Modesto K, Martinez C (2010) Effects of Roundup Transorb on fish: Hematology, antioxidant defenses and acetylcholinesterase activity. Chemosphere 81:781-787

 

HSDB (2015) Glyphosate. http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search2/r?dbs+hsdb:@term+@DOCNO+3432 . Acedido a: 8 de Maio de 2015 

 

WHO (1994)  Environmental health criteria for glyphosate. http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc159.htm . Acedido a: 8 de Maio de 2015

bottom of page