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Hepatotoxicidade

A exposição ao Glifosato e suas formulações, bem como os seus metabolitos hepáticos (El-Shenawy 2009) pode conduzir a uma produção excessiva de malondialdeído (MDA) e a um stress oxidativo através da geração desregulada de espécies reativas de oxigénio (ROS). Estas espécies reativas podem então comprometer a integridade celular a partir do dano oxidativo de lipídios, proteínas e DNA.

 

 

Em ratos (El-Shenawy 2009) a hepatotoxicidade induzida pela injeção peritoneal de Roundup® e de Glifosto foi avaliada durante 2 semanas a partir da análise quantitativa da atividade enzimática do alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), proteína total, albumina triglicerídeos e colesterol. Verificou-se um aumento das transaminases e da fosfatase alcalina nas duas situações, demonstrando a capacidade do Glifosato e das suas formulações comerciais comprometer algumas enzimas hepáticas. Contudo, o aumento da ALT e AST não foi tão extensivo no caso do Glifosato, confirmando que o Roundup® possui um efeito tóxico no metabolismo hepático do que o Glifosato, uma vez que este não possui a capacidade de atravessar a membrana lipídica. 

Por outro lado, não houve uma alteração significativa na quantidade de proteína total e albumina, tanto para o tratamento com o Roundup® como para o Glifosato isolado. Quanto aos níveis de colesterol e triglicerídeos estes aumentaram tanto para os ratos que sofreram tratamento com o Roundup® tanto para o grupo a quem foi injetado apenas o Glifosato. No entanto, o aumento de sérico dos triglicerídeos foi mais acentuado com o Roundup®, enquanto que o aumento do colesterol foi mais significativo no caso do Glifosato.

 

 

Este mesmo estudo (El-Shenawy 2009) demonstrou que nos ratos tratados com o Roundup® e o Glifosato verificou-se um aumento dos níveis de NO e de citoquinas pro-inflamatórias tais como o TNF-α, sendo que este aumento foi mais demarcado no grupo tratado com Glifosato. Tais acontecimentos levam a concluir a presença de uma lesão hepática uma vez que, para além destes dois parâmetros criarem um ambiente inflamatório rico em espécies reativas de oxigénio,  o TNF-α tem a capacidade de estimular a deposição de colagénio no tecido hepático causando modificações na difusão de solutos entre os hepatócitos e o plasma.  

 

 

Sabe-se também da capacidade que o Glifosato apresenta de causar inibições relativamente potentes no citocromo P 450. Num estudo (Abass 2009) foi avaliada a percentagem de atividade das enzimas do citocromo P450 após a incubação de diversos pesticidas, nomeadamente o Glifosato, em microssomas hepáticos humanos. Demonstrou-se que atividade das isoformas 2B6, 2C8 e 2C9 foi diminuída, sendo que esta última isoforma foi a mais afetada, permanecendo após o tratamento apenas 12,5% da sua atividade e sendo o IC50 para esta isoforma de 3.7 µM. De salientar que o CYP2C9 é a forma predominante CYP2C, com elevada abundância entre CYP hepáticas e representa cerca de 15% do total das enzimas CYP no fígado humano. Por outro lado, as isoformas 1A1/2, 2A6, 2C19, 2D6, 2E1, 3 A42 e 3A43 não sofreram qualquer inibição após incubação com o Glifosato.

 

Abass K, Turpeinen M, Pelkonen O (2009) An evaluation of the cytochrome P450 inhibition potential of selected pesticides in human hepatic microsomes. Journal of Environmental Science and Health Part B 44: 553-563.

 

El-Shenawy N (2009) Oxidative stress responses of rats exposed to Roundup and its active ingredient glyphosate. Environmental Toxicology and Pharmacology 28: 379-385.

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